José Junior

José Junior, CEO da AfroReggae Audiovisual | por Heloisa Eterna | foto Alexandre Campbell | Novembro 2017

JOSÉ JUNIOR: FUNDADOR DO AFROREGGAE DIZ QUE PASSA POR TRANSMUTAÇÃO, PRODUZ FILME E QUER MUDAR O MUNDO

José Junior, você, que é conhecido por ser um empreendedor do Terceiro Setor à frente da ONG AfroReggae, está abrindo novas frentes, inclusive no cinema, com “A Divisão”, longa de ficção que conta a história da onda de sequestros que assustou a elite carioca nos anos 1990. Por que dar essa guinada?

Em 2015, numa conversa com o Luiz Erlanger (ex-diretor da Rede Globo, biógrafo do livro sobre José Jr.), falei sobre os problemas da ONG por causa da crise econômica no país. Ele me lembrou que o AfroReggae tinha vários ativos, principalmente o braço audiovisual, que poderia virar uma empresa. Fiquei com isso na cabeça. Um consultor montou um business plan e disse que eu tinha uma carteira muito interessante de projetos, mas que precisava de investidores. Além do filme sobre a DAS (Divisão Antissequestro), temos outros projetos. Fiquei pensando: quem é um cara foda, foda no Brasil?. Porque se esse cara entrar, vou conseguir outros. Sempre pensei grande, nunca me contentei em pensar pequeno. Nasci em Ramos (subúrbio do Rio), e quando era pequeno queria ser astronauta. Então, sempre pensei muito alto. Falei: Armínio Fraga. Todo mundo dizia que ele não toparia.

Por que o ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos te conferiu tamanho crédito?

Acho que o que encantou o Armínio foi a possibilidade de criar uma empresa, uma sociedade anônima onde parte dos recursos, o lucro, volta para um trabalho renomado de impacto social, criando autossuficiência. Também os conteúdos que temos, projetos inovadores. Além de ter enxergado um bom negócio. E confiou em mim. Em janeiro de 2018, o Grupo Cultural AfroReggae comemora 25 anos. Tudo com o que me comprometi, entreguei. Coisas muito difíceis, nas quais poderia ter pago com a minha vida (José Jr. mediou alguns conflitos entre polícia e traficantes em comunidades cariocas). Depois dele vieram outros investidores, o Fábio Barbosa e o Marcial Portela (ambos ex-Santander), Paulo Ferraz (ex-Bozano), Thierry Perrone (Fundo Investimage I) e a Patrícia Ellen (McKinsey Global Institute). E o Guilherme Zattar (diretor do canal Multishow), que sempre foi um grande incentivador, se interessou em fazer duas temporadas de uma série do “A Divisão”. Tive muita confiança dos investidores, que são pessoas de negócios.

Como surgiu a ideia de fazer o filme sobre a DAS?

Em 2010, fiz uma mediação de conflitos no Complexo do Alemão por conta de uma operação de ocupação. Entrei antes, e meu foco era evitar banho de sangue. Tive uma reunião na Divisão Antissequestro para avaliar como seria essa mediação se desse algum problema. Minha mediação foi um sucesso, fiquei próximo do pessoal da DAS. Em 2011, no meu programa Conexões Urbanas (Multishow), fizemos o episódio “Dossiê Reimão”. Marcos Reimão, além do José Luis Magalhães e do Luiz Mattos, foi o delegado que acabou com a onda de sequestros no Rio. O programa teve muita repercussão. Percebi que havia interesse grande pelo tema. Pensei em fazer um livro, chamei o jornalista Plínio Fraga, que começou a escrever. Só que as histórias de como esses sequestros acabaram, ninguém conhece. E são histórias impactantes. O Plínio disse que tínhamos uma bomba, que envolvia muitas pessoas para o bem e para o mal. Pensamos em fazer um outro produto. O Magalhães, que chefiou a DAS e é padrinho de um dos meus filhos, confiou em mim, disse para fazer o que achasse melhor. Embora tenha começado a me movimentar em 2012, confesso inexperiência da minha parte. Naquela época não me via com capacidade para fazer a produção desse filme.

“Me preparei muito para chegar onde cheguei. As relações que tenho é que me permitiram criar o projeto, fazer o filme.”

Você pensa em ser diretor?

Não tenho vontade. Sou CEO e presidente do conselho da produtora AfroReggae Audiovisual, mas o que eu curto mesmo é a parte de criação. Quando vou no set e vejo uma mesma cena 52 vezes, fico de saco cheio. Não tenho paciência. Para dirigir o filme, convidamos a Kátia Lund, que topou mas queria levar o Vicente Amorim (diretor, entre outros, de “Um homem bom”, “O caminho das nuvens”, “Irmã Dulce” e “Motorrad”). Graças a Deus a Kátia fez isso. Ela não pôde continuar, e o Vicente permaneceu. Ganhei de presente um irmão, um coach, porque não tenho experiência em projetos de ficção. Fico imaginando esse meu primeiro projeto no cinema sem o Vicente, a sua generosidade. Além do Marcelo Torres, produtor executivo, também um professor.

Entre seus amigos estão desde empresários, banqueiros e celebridades até bandidos associados ao tráfico. Isso, às vezes, é motivo de polêmica. 

Sou um privilegiado por ter o network que tenho. Me preparei muito para chegar onde cheguei. Essas relações é que me permitiram criar o projeto, fazer o filme. Estamos gravando na Vila Vintém (comunidade da Zona Oeste do Rio), onde a pessoa que lidera o tráfico gosta muito de mim. Quando largar o tráfico, ele quer vir para o AfroReggae. É natural que eu use desse carisma, do network que passa por empresários, políticos, criminosos, ex-criminosos, policiais. Nós vivemos situações durante as filmagens em que a equipe ficou com muito medo. As pessoas que trabalham no audiovisual costumam gravar na Tavares Bastos ou no Vidigal (comunidades consideradas de pouco perigo), mas não em lugares que há confronto. Até porque já foi comprovado que não existe mais pacificação. Elas nunca estiveram em uma favela como a Vila Vintém. Só é possível uma gravação com uma certa garantia, pelo bom relacionamento que nós temos na articulação com o crime local e com a polícia. Avisamos que vai haver uma gravação para não ter problema. Não sou um produtor de filme de surfe. Boa parte dos nossos conteúdos passam em áreas conflagradas. Mas como a ONG AfroReggae tem uma bagagem por trabalhar com favelas, sabemos como funciona. Sei que o barril de pólvora é quando junta bandido e polícia. Você tem que mediar os dois lados para não ter problema. Não sou médico, não sou bombeiro, não sou policial, mas já salvei muitas vidas.

A pacificação das comunidades e a diminuição do cenário de violência não passaria pela legalização do uso das drogas?

Três anos atrás, era contra a legalização. Hoje, sou a favor. Quatro pessoas fizeram a minha cabeça. E graças a Deus fizeram. O (ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso, a Ilona Szabó (co-fundadora e diretora-executiva do Instituto Igarapé), o Fernando Grostein (irmão do apresentador Luciano Huck) e a Julita Lemgruber (socióloga e coordenadora da campanha “Da proibição nasce o tráfico”). Curiosamente, boa parte dos ex-traficantes que trabalham no AfroReggae também era contra. Não pela visão do negócio, mas por uma visão conservadora. Não acho que se legalizar vai diminuir o enfrentamento entre polícia e traficante. Porque a bandeira que se levanta da legalização é a da maconha. Essa disputa de território, ou mesmo quando alguém fala que quem consome patrocina o tráfico… Essa parada é mais a cocaína, o pó, o crack, não é a maconha. O cara da Zona Sul, da classe média, vai cada vez menos numa favela porque existem “bocas” até em condomínios da Barra. Só legalizar a maconha não resolve, não vai diminuir as armas. Acho que vai ter uma violência menor contra o usuário. É fundamental, caso isso aconteça, conscientizar os agentes públicos de segurança.

Qual a sua relação pessoal com as drogas?

Nunca fumei maconha, nunca bebi álcool, nunca experimentei nada. Quando quero me sentir “doidão”, estimulo febre em mim, porque sou alérgico e começo a respirar poeira. Quando tenho febre, deliro muito. Volto da febre cheio de ideias. Mas não faço mais isso.

“Tem que haver mobilização da sociedade civil como um todo. Mas a sociedade não se mobiliza.”

Entrar para a política passa pela sua cabeça?

Já fui convidado para ser candidato a deputado, prefeito do Rio, para ser secretário e ministro. Mas não tenho o menor interesse. Não é a minha. Não sei se conseguiria fazer a diferença. E vou passar por desgastes grandes. Já passo, por posicionamentos políticos que eu tive. Prefiro continuar pensando no trabalho do AfroReggae. O filme sobre a Divisão Antissequestro vai mostrar que 20 anos atrás o secretário de Segurança Pública e o Chefe de Polícia Civil tinham visões diferentes. Um de direita, o outro de esquerda. Em prol de um bem comum, acabar com o crime de sequestro, eles se juntaram. Seria muito bom, no momento atual, se a gente conseguisse juntar o melhor de centro, direita e esquerda em prol do país.

Muita gente costuma repetir que bandido bom é bandido morto. Você, ao contrário, já disse acreditar “que todo ser humano, por pior que possa ser, tem uma centelha boa”. Já se arrependeu por pensar assim?

Bandido bom é bandido recuperado. Todo ser humano merece uma segunda chance. Acho que tem que pagar como a lei manda, de maneira severa, mas como a lei manda. Claro que as pessoas podem dizer que “pimenta nos olhos do outro é refresco”. Mas já perdi pessoas que amava. Pessoas como eu dificilmente chegam aos 30 anos. Se tivéssemos um trabalho de educação, levando ações sociais às comunidades e aos presídios, haveria número de reincidência menor. No Brasil, ela passa de 80%. Às vezes o cara não foi preso por tráfico, e sim por um crime pequeno, mas sai da cadeia e vai chefiar uma boca de fumo. Eu era mensageiro de notícias boas. Dizia que o Rio estava melhorando. Levei grandes empresas paras as favelas. Não quero ser mensageiro de notícias ruins. Mas a situação vai piorar muito ainda. Infelizmente. Enquanto a sociedade achar que o papel principal é só do governo, e não se envolver diretamente nesses problemas, seja no da violência ou da crise política e financeira, não vai melhorar. Tem que haver mobilização da sociedade civil como um todo. Mas a sociedade não se mobiliza.

O que você pensa sobre a morte, já que foi ameaçado tanto por bandidos quanto por policiais?

Não tenho medo da morte. Muitas vezes até que gostaria. Penso: por que que não desencarnei ainda?

“O que me inspira muito é minha mãe. É o grande amor da minha vida.”

Você já disse que mais jovem teve medo de magoar sua mãe, virar bandido.

Na minha relação com meus filhos (José Jr. tem seis crianças) há muito da minha relação com minha mãe. Sou apegado a eles. Quando saem coisas negativas sobre mim em rede social ou mesmo na imprensa, me preocupo com o que minha mãe vai pensar, o sofrimento dela. Quando você faz coisas erradas, não quer que sua mãe, sua família sofra. O problema é quando você é acusado de coisas que não fez. A minha preocupação é sempre: será que minha mãe acha que eu fiz? Porque não fiz. Tudo bem que ela confia em mim, mas às vezes publicam coisas que magoam profundamente. O Grupo AfroReggae está tendo que se reinventar, e o que me inspira muito é minha mãe. A honestidade dela, o sofrimento que ela teve para nos criar. Ela é o grande amor da minha vida. Mas mesmo não fazendo nada errado, sempre acho que poderia ser um filho melhor.

Na sua biografia (“No fio da navalha”, de Luiz Erlanger, Editora Record), consta que você já leu a Bíblia, o Alcorão e a Torá. Que tem uma mediunidade aflorada e que Ogum e Xangô são orixás que deve cultuar. Numa situação de perigo ou de extrema dificuldade, a que Deus você pede socorro?

Peço a Deus. Só que o Homem criou várias nomenclaturas. Então Deus pode ser Shiva, Alá, Jeová, Mazda, Jesus Cristo, Maomé, Ogum, Xangô, Oxossi. Todos esses são uma única unidade cósmica. O Homem é quem faz a diferença através da religião. Eu vou em várias. Me sinto um alquimista. Tenho uma relação forte com algumas divindades, personalidades da Bíblia ou mesmo do Candomblé ou do Mahabharata. No meu colar tem a estrela de Davi, tem um símbolo islâmico, um cristão. De vez em quando vou a um culto evangélico maravilhoso, na Igreja Lagoinha, em Niterói. O pastor é diferente, se veste como eu. Talvez sem os anéis e os brincos (risos). Sou eclético. Tiro o melhor de cada religião. Vivo buscando uma evolução.

“Se eu fosse mulher, talvez fosse infinitamente melhor como gestora, líder, do que sendo homem.”

O que você quer dizer quando fala que às vezes se acha meio autista, que vive no seu mundo e sente “falta de voltar para casa”, mas não a sua casa ou a casa da sua mãe?

Eu tenho uma relação cósmica muito forte. No passado, antes do AfroReggae, tentei me suicidar algumas vezes. Pegava a moto e fechava os olhos. Caí 14 vezes. Achava que ia morrer cedo, então queria abreviar a vida. E sentia falta de um lugar. Sinto até hoje essa falta. Mas quando medito, encontro esse lugar. Na hora da dificuldade ou da comemoração, esse é um lugar em que preciso estar, se não for no corpo físico, pelo menos no corpo astral, espiritual.

Entre 1989 e 1991, você trabalhou animando festas fantasiado de Batman. A sociedade precisa de super-heróis? E quem é seu super-herói?

Se eu fosse politicamente correto, diria que não. Mas acho que precisa. Na ficção, meu super-herói é o Batman. Fora dela, já tive alguns, mas me decepcionei. Tem pessoas que me inspiraram. Como o João Jorge, que fundou o Olodum. Ele falava da violência e das questões do negro numa época em que ninguém dava atenção, achavam ele um chato. Wally Salomão foi um profeta na minha vida. Em 1994, me falou coisas que estou fazendo hoje. Acho que nós tínhamos um amor.

Quando as mulheres dizem que um homem tem um lado feminino, isso é um elogio, porque tem a ver com sensibilidade. Como você lida com esse universo, o da mulher?

Quando era mais novo, as mulheres mais velhas, e isso sem nenhum interesse sexual, me viam como um filhão. Tive proteção grande das mulheres. Nas minhas relações de poder, sempre gostei que fossem com mulheres. Mesmo elas acima de mim. Por mais que, publicamente, as pessoas não vejam esse meu lado feminino, ele é muito grande. No trato com meus filhos, por exemplo, durmo agarrado com eles quase todos os dias. E quando falo lado feminino, não penso em fragilidade. Porque a mulher tem muita força. O homem não tem capacidade de suportar certas dores emocionais e físicas que a mulher sente. Percebo que quando a mulher está comandando, não importa o que seja, uma casa ou mesmo uma empresa, ela traz sensibilidade necessária para algumas decisões, para alguns desapegos e rompimentos que o homem não consegue. Se eu fosse mulher, como mediadora de conflitos ou mesmo tocando o AfroReggae, talvez fosse infinitamente melhor como gestora, líder, do que sendo homem.

“Me vejo como um ser que busca, de alguma maneira, não ser mais um no meio de tantos.”

Você é vaidoso?

Sempre tive uma certa vaidade. Em 2007, conheci uma pessoa incrível, a Helena Montanarini (curadora de moda e estilo), que me deu uma repaginada, um caminho de estilo. Depois fui me reinventando, e isso trouxe a minha personalidade. Hoje tenho algumas parcerias com a Osklen, a Reserva e a Evoke. Uma coisa que nunca vou usar é gravata. Posso usar tudo do terno, menos a gravata. É como se eu estivesse me prostituindo. E nunca uso camisa para dentro da calça. É como xingar a minha mãe.

E o esmalte nas unhas das mãos e dos pés não afugenta os empresários?

Acho que não. Durante muito tempo pintei de azul, depois prata e dourado. Faço mapa astral todo mês. E o astrólogo disse que  agora eu estava num momento para a cor verde. Não vou pintar de rosa (risos). São cores que me ajudam na minha cromoterapia. Azul cura, o dourado é para os momentos de prospectar ativações não só espirituais mas também prosperidade. É uma coisa minha. As pessoas acham que é exótico ou fashion. Mas cada vez me preocupo menos com a opinião delas. Minhas roupas, meus adereços, tudo tem um porquê.

Em uma palavra, como você define hoje AfroReggae?

Transformação. Porque transformou tantas coisas, mudou a vida das pessoas. E, ao mesmo tempo, hoje está tendo de mudar sua própria história. Porque a situação da ONG é horrível no aspecto financeiro. Não somos só nós no Terceiro Setor. Sentimos mais a crise porque somos muito grandes. Então o impacto é maior. Por isso digo que o sucesso comercial do filme é fundamental para a sobrevivência da ONG. Estou me reinventando, não tudo de novo, mas diante dos problemas financeiros da ONG, trabalhando os produtos audiovisuais e começando coisas do zero. Como um projeto com o Ricardo Chantilly (empresário da área musical), que será o primeiro centro de games, no mundo, dentro de uma favela, com uma pegada social e ao mesmo tempo tecnológica e comercial, porque hoje os projetos sociais têm que gerar algum tipo de autossuficiência.

Você já disse que está num momento de transmutação, como o das borboletas.

Acho que transmutação, transformação e alquimia estão dentro da mesma casinha, são a mesma coisa. Claro que cada uma de alguma maneira tem a sua particularidade. Me sinto um ser que vive essa metamorfose ambulante. Atualmente tenho buscado mudar; eu não buscava, mas mudava. A minha relação com a unidade cósmica, com a magia, com a alquimia… Isso tem ajudado muito a me ver como um ser que busca, de alguma maneira, não ser mais um no meio de tantos. As pessoas falam que não querem mudar o mundo. Eu quero. As pessoas do politicamente correto se colocam como pseudo-humildes, tudo muito certinho. Eu não sou uma pessoa certinha, não sou pseudo-humilde. Muitas vezes sou humilde, outras não. Quero mudar o mundo. Não quero ser mais um cara que passou por esse planeta e não deixou um legado. E meu legado não vai ser só os meus filhos. Tenho certeza que o que eu faço é bastante reconhecido. Espero que quando eu desencarnar, continue deixando esse legado social, cultural que o AfroReggae fez. Acho que tudo isso tem a ver com o momento que eu vivo. Tento o tempo todo sair desse casulo. Você desapegar, deixar as coisas para trás. Estou num momento de deixar muita coisa para trás.

 

♥Agradecimento de aCriatura à Livraria Blooks

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