PEDRO BIAL: APRESENTADOR DIZ QUE O MUNDO É UMA DESORDEM E QUE VIVEMOS UMA DISTOPIA CRIADA PELAS REDES SOCIAIS
Bial, ter mais um filho neste momento contribuiu para que você se sentisse revitalizado e com vontade de ir um pouco além na sua profissão? *Laura, que nasceu em 2017, é filha da apresentadora Maria Prata. Bial já é pai de Ana, de sua relação com a jornalista Renée Castelo Branco; de Theo, filho da atriz Giulia Gam; e de José Pedro, do casamento com a diretora editorial Isabel Diegues.
Não teria partido para essa se não acreditasse nisso. Antes dela nascer, em 2016, tive um susto muito grande. Descobri que estava com as coronárias completamente entupidas. Por sorte não tive um infarto. Mas estava pela bola sete. Abrir o peito para botar pontes… É uma experiência bastante radical. Acho que isso faz parte desse mesmo momento. Não de nascer de novo, mas de morrer mais uma vez. Porque a vida é feita de muitas mortes. A gente morre muitas vezes, vê o mundo acabar muitas vezes. E nasce de novo. Agora pego carona na Laura. Quero vê-la chegar pelo menos à idade que está minha filha mais velha, a Ana, que tem 30 anos. Para isso acontecer, tenho que chegar ao 90 (risos). Estou trabalhando para isso: não ser um velho frágil.
Enfrentar essa cirurgia fez com que passasse a ter uma urgência maior? Que tipo de transformação você sentiu depois de ter “aberto o peito”?
Urgência não é a palavra. Mas tentar não desperdiçar tempo. É difícil essa administração do tempo. Porque quando você diz “não perder tempo” pode significar uma certa aflição, ansiedade. Administração do tempo também significa saber perder tempo. Querer usar todo o tempo de maneira construtiva vira uma ansiedade que não é legal. Estou tentando organizar a minha vida para poder fazer as coisas que quero fazer, dizer, produzir. Poder cumprir todo o potencial que tenho. Acho que não vou cumprir nem 20%, como a maioria de nós. Aqueles que chegam mais próximos de cumprir todo o seu potencial são os grandes homens e grandes mulheres, as Fernandas Montenegro da vida. A gente tenta aí um pouquinho. Quero reconhecer o que tem valor, saber onde empregar a minha energia. Fica muito evidente quando você olha e vê que poderia acabar tudo de uma hora para a outra. Você ir embora de uma festa que, poxa, você estava gostando, ainda dava para ficar mais. De uma certa maneira você ainda estava só aprendendo a dançar, ainda dava para ficar…
Como lidou com o medo?
O medo é uma questão central para muita gente. Pelo menos para mim. É uma das primeiras emoções, mora lá atrás, na mais antiga parte do nosso cérebro. O medo é a emoção inaugural. Numa situação assim, de frente para a possibilidade da morte, da “Indesejada das gente”, de repente você tem tanto medo que o medo se revela inútil. Ok, senti todo medo do mundo, mas e daí? Quando o medo se revela inútil, você passa a se ocupar do que pode ter alguma utilidade e vai adiante. Continuo com meus medos, considero o medo um bom conselheiro. Mas indo adiante, fazendo coisas que considero importantes, que, no fundo, é a produção de beleza. Quando a gente produz possibilidades de construção de conhecimento, de encontro… O meu programa de TV (“Conversa com Bial”), por exemplo. Tenho o privilégio de fazer um trabalho em que estudo sem parar, estou sempre aprendendo. E o programa acende luzes de possibilidade, caminhos do conhecimento, de encontro, pontes de informação para todas as pessoas que estão assistindo. Estou reconhecendo um momento de renovação do papel da televisão que acho incrível.
Que tipo de renovação?
Na últimas décadas, a gente vinha encantado com as promessas da internet: democracia plena e não-hierárquica do espaço cibernético. Só que o mundo se reproduziu nas redes sociais e nas relações humanas como uma distopia. Estão virando redes de grande intolerância, ambientes de linchamento frequente. Estamos retrocedendo em nossos códigos de justiça, voltando lá para as leis de Hamurabi (Código Hamurabi, onde o que vale é o “dente por dente, olho por olho” e fazer justiça com as próprias mãos), a democracia em xeque. No caso do Brexit e na eleição para presidente nos Estados Unidos, talvez os resultados tivessem sido outros. Mas os progressistas ficaram presos achando que o mundo era aquilo onde eles estavam frequentando. E o mundo era outro: elegeu o Trump e cometeu a besteira de tirar o Reino Unido da União Europeia. Os próprios criadores do Facebook estão alertando que perderam a mão. Isso vazou do virtual para as relações pessoais. Nesse momento, o velho eletrodoméstico, a televisão, aparece com um sentido renovado. É onde as pessoas vão sabendo que lugar é aquele: “Ah, é a TV Globo, que pertence aos Marinho; aquele é o Bial e os convidados dele”. E ali, diante de milhões de espectadores, as perversões daqueles participantes, que vão lá expor suas opiniões, são inibidas pelas milhões de testemunhas. Justamente o contrário do que acontece nas redes sociais, quando as milhões de testemunhas imaginárias e reais estimulam as perversões. Por isso chegamos a este lugar, com extremistas de todos os lados.
“Opinião e bunda dá quem quer. Eu guardo a minha para dar para quem eu gosto muito, e olhe lá…” (risos)
O espectador sabe qual a política dos veículos convencionais…
Ou nem sabe. É complexo para caramba. Na TV Globo, você vai assistir a novela que vai dizer uma coisa, o Jornal Nacional outra, o “Conversa com Bial” também outra. Porque não há uma linha editorial monolítica na TV Globo, assim como não há no SBT, na NBC nem na BBC. Essa ordem, que os amantes das teorias conspiratórias buscam no mundo e nas grandes corporações, não existe. O mundo é uma desordem.
O convívio nas redes sociais ficou bastante hostil desde do período um pouco anterior e durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff até hoje. Amizades foram desfeitas… Como você viveu essa experiência?
Acompanhei e vi coisas muito chocantes. Mantenho um Facebook só para ver o que as pessoas estão falando, não me manifesto. Fico observando. Vi amigos brigarem. Tenho minha opinião sobre o que aconteceu nos últimos anos na política brasileira, no entanto prefiro guardar para mim. Acho que opinião e bunda dá quem quer. Eu guardo a minha para dar para quem eu gosto muito, e olhe lá… (risos). É o seguinte: política é um negócio muito barra pesada, não tem santinho. Fiquei vendo um monte de jovens numa ingenuidade, defendendo uns ratos, de parte a parte. Me deu uma peninha… Não digo pena, porque Freud já ensinou que pena é raiva reprimida. Me deu uma certa compaixão de gente acreditando em ratazanas. Você olha para o sujeito e vê que ele é uma ratazana.
“O Big Brother é movido ao ódio, à rejeição.”
Os haters estão se multiplicando nas redes sociais. Como você se protege deles?
Fui atacado por vários motivos. Primeiro, porque apresentava o “Big Brother”, e o “Big Brother” é movido ao ódio, à rejeição. Não é um programa que aprova, é um programa que elimina. Segundo, porque tinha muita gente que adorava o jornalista, o correspondente, e que se sentiu traída porque o cara foi apresentar um programa de entretenimento. Não qualquer programa de entretenimento, mas o mais popular de todos. E ainda por cima fazia crônicas caprichadas na hora de eliminar o sujeito. Ou seja, fui o vendido dos vendidos. Então, parei de olhar, aquilo faz mal. E a psicologia da gente tem essa fragilidade. Você pode ler 99 tuítes falando “que gracinha você é” e um te arrebentando. Aquele único tuíte acabou com seu dia, possivelmente com seu ano. Você fica mal. Fiquei sabendo que o que contribuiu para que o Armando Nogueira (ex-diretor da Central Globo de Jornalismo), grande amigo meu, ficasse muito triste no fim da vida foi entrar nas redes sociais e ler coisa horríveis. Tem gente que lida melhor com isso, que tem imunidade, que acha que tudo bem. Não tenho imunidade.
Ouvimos falar muito que o Brasil é o país do futuro, mas sempre temos a impressão de que morremos na praia…
Tem um lado muito bom em tudo que está acontecendo. Que bom que está havendo essa purgação toda. Não sei onde isso vai dar. Acho que tem um padrão que é histórico no Brasil, desde 1500, e permanece. O Brasil é uma nação que continua se construindo à revelia e a despeito do Estado. O Brasil não é Brasília, essa lama toda, esse desalento. Que é grave, porque nós precisamos de instituições e de um Estado que funcione. Mas isso não interrompe um certo Brasil que a gente pouco conhece por responsabilidade da mídia do sudeste. Nós não conseguimos fazer o retrato do país que funciona. Tem um Brasil do interior que é inacreditável. Ou quem são as centenas de milhões de visualizações que fazem a riqueza desse universo da música sertaneja? Estou monetizando, mas não estou falando só de grana. Estou falando de uma vitalidade cultural que esse país tem.
“Não comungo do discurso: ‘Foi golpe’…”.
Mas alguma coisa melhorou?
Melhorou. Tenho idade para lembrar de um Brasil anterior à democracia, com o fim da ditadura, e ver o Brasil de hoje, com todos os pesares. E são muitos os pesares. O Brasil melhorou para caramba. Você olha as imagens do programa do Chacrinha, para a plateia, era todo mundo desdentado, feio, malvestido. Hoje, o povo brasileiro está com os dentes direitinho. As coisas melhoraram. Claro que a história não caminha linearmente. Tem idas e vindas. Retrocessos. Vai ciclicamente, aos soluços. Mas a gente vem melhorando, domou uma inflação que parecia crônica. Manteve a democracia durante décadas. Manteve, sim. Não comungo do discurso: “Foi golpe”. Foi tudo dentro de um processo democrático. Acho que a gente tem conquistas. E o Brasil está indo… Mas é muito curioso esse momento. O governo (de Michel Temer, do MDB) mais impopular da história do Brasil fazendo juros cair como nenhum governo conseguiu. Nem Fernando Henrique Cardoso nem Lula, ninguém. Inacreditável. É no mínimo irônico.
Como você está vendo o cenário político atual, pré-eleição presidencial, com as pesquisas colocando Lula (o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representante da esquerda, que pode ser impedido judicialmente de levar avante uma candidatura) em primeiro lugar e, em segundo, Jair Bolsonaro (de direita)?
Tudo pode acontecer. É assustador. Mas já vi as coisas mudarem. Em abril ou maio de 1994*, quando cheguei para cobrir a Copa do Mundo, o Lula estava em Nova York. Ia ter uma recepção para ele no consulado, e o Lula já se comportava como presidente eleito. Estava lá todo pimpão, mascarado para caramba. Já estava mascaradão. E a imprensa toda em torno dele. Ele já era “o cara”. (*Nesse ano, Lula, favorito nas pesquisas, foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso).
“Gosto de boas ideias. Se tiver boas ideias na esquerda e na direita […]”
Você já disse que se quisessem te enquadrar em algum lugar você diria que é um liberal democrata. Como é isso?
Sou absolutamente democrata. Acredito no caminho da democracia e no aperfeiçoamento dela. E no liberalismo, no sentido da economia de mercado. Sou da linha da revista “The Economist”. No Brasil, ser liberal é ser considerado de direita.
A economista Eduarda La Rocque é chamada de liberal, apesar de ter algumas posições à esquerda. Ela costuma dizer que está à esquerda da direita e à direita da esquerda. Como você se posiciona?
Não me acho de esquerda nem de direita. Mas também é muito sem graça dizer que é de centro. Gosto de boas ideias. Se tiver boas ideias na esquerda e na direita, vou pegar essas ideias onde elas estiverem. Tem algumas figuras que admiro muito. Quando estou em dúvida, escuto o que dizem. Gosto e me identifico muito com o Gabeira (o jornalista e ex-deputado federal Fernando Gabeira, que ingressou na luta armada contra a ditadura militar no Brasil no fim dos anos 1960). Hoje tem gente no Brasil que diz que o Gabeira é de direita. Inacreditável, porque ele está à esquerda da mais alta esquerda. Tem gente que diz que Demétrio Magnoli (sociólogo e comentarista do Grupo Globo) é de direita. Ele é um homem brilhante, está muito acima dessas categorias.
Talvez porque o Gabeira venha fazendo uma reflexão mais crítica sobre a esquerda.
A esquerda continua se colocando num lugar de superioridade moral, como se tivesse o monopólio do bem. O marketing da esquerda é muito bom. Qualquer tentativa de socialismo real, da esquerda no poder no século 20, foi um desastre social, econômico e humano. No entanto, ela ainda se comporta como se fosse moralmente superior. Tem orgulho de se proclamar comunista ou socialista. Não entendo isso. Não quero entrar nesse tipo de discussão porque acho que não ajuda. Também, se quiser se proclamar, qual o problema, né? O problema é que dificulta o diálogo.
“Não tenho fé.”
Você é agnóstico?
O ateu afirma que Deus não existe, e o agnóstico diz que não sabe. Acho que agnóstico é um ateu meio bundão (risos). Tive educação religiosa, estudei em colégio jesuíta, sempre me interessei por religião. Fui instruído no catecismo, na Bíblia. Mas estudei a religião islâmica, o judaísmo. Tive meu flerte intenso com o candomblé, conheci a Mãe Menininha (Mãe Menininha do Gantois, famosa mãe-de-santo). Mas não tenho fé.
Depois dos 50 anos, as mulheres em geral reclamam das mudanças biológicas que a menopausa traz. Chegar aos 60 te deixa ensimesmado? Como fica o Pedro “Miau”? (O personagem Pedro Miau – repórter e gato – foi criado pelo extinto Casseta & Planeta.
(Risos). O homem é beneficiado pela cultura com relação a isso, né? O homem velho tem o seu charme, enquanto que a mulher murcha. Acho que isso está mudando, benza a Deus. É uma maldade. Muita coisa está mudando na moral e nos costumes. Estamos vendo mulheres de 60 brotíssimos, lindas, e até de 70 também. Um aniversário de data redonda que mexeu comigo foi o de 30 anos. Escrevi poema… “Oh, quantos trintanos em vão vividos […].” Depois, os 40 me atropelaram, os 50 também. Agora nos 60 estou parando para pensar que “é uma data”. A Organização Mundial de Saúde diz que é o início da terceira idade. Se bem que para urbanos é 65; ainda tenho uns cinco anos para roubar. Mas já estou roubando nas filas para embarcar de avião. Um dia me perguntaram: “Prioridade? Respondi: Não. Pior idade” (risos). Me sinto um estudante entrando no cinema com carteira falsificada de 18 anos. Não estou achando ruim. Tirando sequelas da época de atleta na juventude, joelho fodido e artrose… Aliás, considerando que fui um jovem muito saidinho, abusei de muita coisa, botei para quebrar, a gente usou droga, fez muitos excessos. Estou muito bem. A natureza foi pródiga, me deu bastante saúde.
“Tenho que rir de barriga cheia e fazer nas minhas relações micropolíticas o que tiver ao meu alcance, ser generoso.”
Algum arrependimento?
Faria uma lista enorme. Felizmente, minha memória é uma porcaria (risos). Mas se eu parar para pensar, vou ficar me torturando. A gente diz: “Não me arrependo de nada”. É bonito, mas claro que a gente pode fazer um inventário de pequenos e grandes arrependimentos. Se considerar que o resultado das ações ou falta de ações do que fiz é como cheguei até aqui, até que não está tão ruim. Tenho filhos que são muito legais. É a principal coisa que fiz direito na minha vida até agora: encaminhar meus filhos. Estou tendo a oportunidade de me reinventar na vida profissional. Estou casado com uma mulher que amo, que gosta de mim. Não tenho do que reclamar nesse mundo que é um vale de lágrimas. Tenho que rir de barriga cheia e fazer nas minhas relações micropolíticas o que tiver ao meu alcance, ser generoso. Tentar fazer o bem com os bens da iniquidade. Está todo mundo ligado na macropolítica, em coisas que não estão ao nosso alcance. Mas existe a micropolítica. São maneiras de atuar e que fazem a diferença. Que é você tratar bem o garçom que te atende, o porteiro do seu prédio e as pessoas que dependem de você.
Que mundo acha que vai deixar para seus filhos?
Penso que filhos eu vou deixar para o mudo (risos). Periga eles terem que ir morar em Marte. Tudo pode acontecer. A gente está vivendo um momento muito, muito perigoso.
“A privacidade acabou. O que é terrível.”
Julia Lemmertz diz que não é uma celebridade, mas uma atriz. A fama te traz algum desconforto?
A indústria da celebridade é algo que se agudizou muito nos últimos anos. Não era assim. Tudo bem que não é uma novidade absurda. No filme “Sunset Boulevard”, da década de 1950, já tinha isso. Mas essa concretização da profecia do Andy Warhol, da fama pela fama, de todo mundo ser famoso, dos reality shows, da pessoa ser famosa porque ela é famosa e não por fazer nada, isso ganhou dimensões que a gente realmente não imaginava. Quem é famoso pela atividade que exerce pode se sentir desconfortável por ser confundido com isso? Ou simplesmente desconfortável porque virou um vale tudo? Eu não posso sair na rua com qualquer estado de espírito se estiver mal-humorado. Tenho um compromisso de estar minimamente cordial e simpático com as pessoas. Mas isso já vale para todo mundo. Qualquer pessoa que seja anônima não pode sair na rua e falar qualquer absurdo, porque aquilo pode estar sendo filmado e vai viralizar. A privacidade acabou. O que é terrível. Não fico à vontade, não. Tento lidar, mas não é algo fácil para mim. Vejo colegas de profissão que levam isso numa muito boa. Eu peno.
“As pessoas querem se relacionar com a figura Pedro Bial, mas não olham o Pedro. Que é uma pessoa, um Zé Mané qualquer.”
Você se casou muitas vezes. Teve sorte em se apaixonar, ou diria que nunca soube ficar sozinho?
(Risos). Não sei se sorte é a palavra. Talento pra me apaixonar? Cada casamento foi uma história. No primeiro, eu precisava de uma família, fiquei órfão muito cedo. A paternidade foi uma necessidade para mim; se não como filho, logo como pai. Sou um cara muito apaixonado em geral, por ideias e coisas. E vivi a minha vida afetiva com mulheres da mesma maneira, com grandes paixões. E as vivi de maneira intensa e integral, como tudo que vivi. Depois do meu quarto casamento, fiquei solteiro pela primeira vez na vida. Cinco anos, quase seis solteiro. Aí conheci a Maria.
Conviver com a sua solitude foi fácil?
Sou meio chato (risos). Gosto de chegar em casa e ter alguém para conversar. Mas foi muito importante ficar sozinho. Tinha emendado um casamento no outro. Achei que ia ficar solteiro para sempre. E aconteceu, dei muita sorte. Nesse caso, sorte se aplica.
Mas parece difícil o Pedro “Miau” ficar solteiro para sempre, não?
Até isso é uma praga. Porque muitas vezes, não só mulheres, as pessoas querem se relacionar com a figura Pedro Bial, mas não olham o Pedro. Que é uma pessoa, um Zé Mané qualquer. E até a pessoa desbastar o Pedro Bial e chegar lá no Pedro, perde o interesse. Então, às vezes, a figura pública vira um obstáculo. A maioria não tem o menor interesse na pessoa por trás da figura pública. E acha que a figura pública explica a pessoa. Quando não. Porque é uma fachada. A pessoa é complexa. Quem conhece 20% de você? Pouca gente se interessa em olhar por essa fresta. Olhar e se interessar. Mesmo porque está todo mundo preocupado consigo mesmo.